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A mostrar mensagens de janeiro, 2011

Taio Cruz ft. Kylie Minogue - "Higher"

As linhas aéreas KM acolhem um novo passageiro. O refrão lembra a frescura do tempo, há uma década, em que os Daft Punk sabiam o que era pop. (A versão com Travie McCoy no lugar de Kylie também é bem decente, embora peque por não ter Kylie.)

The Detroit Experiment - "Think Twice (Henrik Schwarz Remix)"

Em teoria, soa a um pesadelo novas tendências - quarto mundo - pastelão house fusionista dos anos 90/00 com um cartaz muito grande a dizer "PARA GENTE LITERATA E COM BOM GOSTO MAS QUE, HEY, TAMBÉM GOSTA DE DANÇAR". Em teoria soa a um pesadelo dessa ordem, dizia, mas o nervo do ritmo, o piano à beira de um ataque de nervos ao largo de Cuba, a agitação avícola dos violinos e o monólogo da trompete, festivo e enérgico e nada preocupado com a retenção anal cool, dão por completo a volta à situação.

Dev ft. The Cataracs - "Bass Down Low"

Da escola Far East Movement, directamente da universidade The Black Eyed Peas, com umas cadeiras Ke$ha e Lady Gaga concluídas com distinção. A liberdade é um clube nocturno. A emancipação feminina no seu melhor. Isto não poderia ter sido feito em 1965, 1975, 1985 ou 1995 - o que é um elogio faraónico mas merecido.

2010 @ Expresso

A minha lista dos discos do ano e o meu texto sobre 2010 para o Atual do Expresso. 1-Love King – The-Dream (Def Jam) 2-Speak Now – Taylor Swift (Big Machine/Universal) 3-Flesh Tone – Kelis (will.i.am/Universal) 4-Soldier of Love – Sade (RCA/Sony) 5-Need You Now – Lady Antebellum (Capitol/EMI) 6-The Sun Comes Out – Shakira (Epic/Sony) 7-Olympia – Bryan Ferry (Virgin/EMI) 8-It’s Barbie Bitch! – Nicki Minaj (NYC Street Entertainment) 9-What’s the 901? – K. Michelle (mixtape) 10-Loud – Rihanna (Def Jam/Universal) O ano foi especial para a country pop FM graças a Taylor Swift e aos Lady Antibellum. O ano correu de feição a veteranos que sabem dosear frescura e classicismo com extrema precisão: Sade, Bryan Ferry, Paul Weller. O ano foi francamente brilhante para o r&b e o hip-hop – Nicki Minaj, K. Michelle, Ciara, Jazmine Sullivan, Rihanna e Ne-Yo, é favor levantarem-se. O ano gerou um daqueles raros discos nacionais (o dos Expensive Soul) debruçado para o mundo. O ano refor

Wretch 32 ft. L - "Traktor"

Estão a ver, é perfeitamente possível fazer uma canção vertiginosa e de ar ameaçador e sexy como o caraças e, ainda assim, saber o que fazer com e o lugar certo para colocar uma voz que tem um bocado de personalidade e quase zero de potência.

Ladytron - "Ace of Hz"

Eles sempre tiveram uma certa queda (ou destino) para serem promessas nunca inteiramente cumpridas. Se houvesse no seu arquivo mais umas dez ou 15 canções como a remistura carnal que Tiësto lhes fez para "Ace of Hz" (de longe a melhor das três versões aqui linkadas), estar-se-ia agora a falar da super-liga das bandas disco-pop gélido. Mas ainda vão a tempo.

Orange Caramel - "A~ing♡"

Uma virtuosíssima e espectacularmente acelerada conversa coral sobre a cultura pop (musical, visual, literária). O seu lado juvenil é estranho e sedutor e perturbante - provavelmente os sentimentos de um ocidental quando alguém lá da Coreia do Sul devolve o nosso património devidamente assimilado, adaptado, transfigurado. Fascinante.

Meek Mill ft. Chic Raw - "Gasoline"

Um carrilhão em acção, uma batida de dinamite de eclosão ao retardador e uma excelente e elástica voz que, por qualquer razão (a claridade da dicção?), me lembra Eminem.

Julio Bashmore - "Battle for Middle You"

Que se fornique o grunge e o shoegaze - a primeira metade dos anos 90 valeu muito mais por causa da música que lançou os carris onde "Battle for Middle You" corre. Ali entre o hardcore-a-chegar-ao-jungle, o tecno para pistas gigantes e o house com licra. E como corre.

Creep - "Days"

Synthpop fantasmagórica que não podia ter sido feita antes dos Knife e de Fever Ray. Parece que quem canta é a rapariga que também canta nos XX. Quem diria, alguma coisa de jeito (ou seja, que não soa a uma maqueta de 1984 de uma banda indie portuguesa) a vir lá dos lados dos XX...? (Por falar em coisas de jeito vindas dos lados dos XX: as reviravoltas que Jamie XX deu ao último de Gil Scott-Heron, embora meritórias, provam que é quase impossível fazer milagres com canções-base que são flat as a pancake, coroadas por uma voz que, infelizmente, já deu o que tinha a dar.)

Ruby Goe - "Encore"

Encore by rubygoe Aquilo a que uma pessoa gostava que os Gossip soassem - isto é, uma voz poderosa e uma produção que faz uma espécie de rock digital 2.0, sem vestígios de indie ou de "autenticidade" soul dos anos 1960.

2010 @ Flur

A minha lista e os meus comentários do balanço de 2010, publicados na newsletter da Flur. DISCOS: The-Dream "Love King" Taylor Swift "Speak Now" Kelis "Flesh Tone" Sade "Soldier Of Love" Lady Antebellum "Need You Now" COISAS: As manifestações estudantis em Londres: um enorme sinal de esperança, por uma geração que fez o que tinha a fazer: não esperou pelos sindicatos e partidos esclerosados e lutou (luta) pelos seus direitos; A confirmação que, por cá e não só, e mesmo num mundo onde o capitalismo selvagem treme como varas verdes, bancos e corporações continuam a estar acima das obrigações legais e/ou morais que se aplicam às pessoas de quem eles, no final do dia, dependem; O ressurgimento dos dementes que governam a Coreia do Norte; O crime ecológico no Golfo do México; A continua e admirável sobrevivência de um oásis de civilização (Israel), contra muito e contra muitos. 2010: O ano teria sido bem mais pobre

Babs Bunny ft. Ebony Eyez & Na'Tee - "The Last of the Best"

Elas acharam que valia a pena voltar a espremer os urros e os breakbeats de James Brown, mas desta vez envoltos pelo pingar frio do grime. Fizeram bem. É gente com garra.

Villa ft. The New Sins - "Beats of Love"

Synthpop branca de jeito, mais empenhada e menos afectada - uma (aparente) raridade nestes dias.

Skream & Example - "Shot Yourself in the Foot Again"

Já o disse uma ou dez vezes, mas digo-o outra vez: se é para acabar, que seja a dançar, com ou sem lágrimas nos olhos.

Algo que Deve Ser Evitado

Perde-se muito tempo com e discute-se demasiado sobre uma coisa que não tem (não devia ter) puto de interesse. Eis como Keith Richards despacha a religião na autobiografia Life : "There's nobody in my family that ever had anything to do with organized religion. None of them. I had a grandfather who was a red-blooded socialist, as was my grandmother. And the church, organized religion, was something to be avoided. Nobody minded what Christ said, nobody said there wasn't a God or anything like that, but stay away from organizations. Priests would be considered with much suspicion. See a bloke in a black frock, cross the road. Mind out for the Catholics, they're even dodgier. They had no time for it. Thank God, otherwise Sundays would have been even more boring than they were. We never went to church, never knew where it was." Keith Richards é ainda maior do que eu imaginava. (E, pela descrição, ainda teve a sorte de não lidar com o flagelo islâmico, que deve ser

Echo Park - "Can't Help It"

CAN'T HELP IT by ECHO PARK Algures no Chile, alguém parece ter percebido como pegar no testemunho dos Scritti Politti, reforçar a frente negra e juntar um pouco de auto-tune. Se não for um tongue in cheek indie pós-moderno (não parece), merece palmas.

Tye Tribbett - "Fresh"

O YouTube informa que esta canção chegou lá em Agosto. Claramente, alguém se esqueceu de me avisar. Tinha sido extremamente adequada para a estada da família JML em Vilamoura. Agora soa a uma memória de um facto passado que, na verdade, não se experimentou. Pura hauntologia, é o que vos digo.

Cypress Hill ft. Pitbull & Marc Anthony - "Armada Latina"

Se me dissessem que, no virar de 2010 para 2011, viria a escutar a melhor (porque totalmente latina, porque a menos ganzada e anasalada que lhes conheço) canção de sempre dos Cypress Hill; e se também me dissessem que isso seria obtido em parte graças a um precioso ovo de Colombo de sample de Crosby, Stills & Nash; se me dissessem tudo isto, dir-lhes-ia para se tratarem. Agora já não digo quase mais nada - só que Pitbull e Marc Anthony são os únicos que não espantam, porque são mesmo bons.

Lil Wayne ft. Cory Gunz - "6 Foot 7 Foot"

Dois fulanos numa competição para ver quem é o mais o lunático, quem detona a frase mais demente (com garra e estilo, claro), quem finta o imponente e hipnótico esqueleto instrumental.

Coati Mundi - "Bundas Bom"

Bundas Bom by Coati Mundi Um tipo que foi dos maravilhosos Coconuts de Kid Creole não era exactamente a pessoa de quem esperava uma canção a rondar o brilhantismo em 2010. Nocturna, tribal, sexy, vagamente house, vagamente exotica, num português destrambelhado que aqui faz todo o sentido. E as palmas, as palmas.

Jeremih ft. 50 Cent - "Down on Me"

É a canção mais low-key em que 50 Cent alguma vez meteu corpo e voz. É uma faceta que ele devia, em definitivo, explorar com mais frequência.